TgAA Parte 1: Implicações no Manejo Reprodutivo
Uma endocrinopatia muito comum em cães é o Hipotireoidismo. Esta doença é caracterizada pelos baixos níveis séricos de TT4 e do TT3. Embora possa haver várias razões mediando a baixa produção das frações tireoidianas, na grande maioria dos casos isso acontece porque o tecido tireoidiano é destruído.
Dentro deste contexto, em cerca de metade dos casos a destruição da tireóide resulta de tireoidite linfocítica (ou autoimune). Nesta condição o corpo acaba desenvolvendo ANTICORPOS para diferentes componentes da própria tireoide, entre eles a tireoglobulina.
Assim, a presença de autoanticorpos de tireoglobulina (TgAA) no soro do paciente é um forte indicativo de que a tireóide está sendo atacada e lentamente destruída.
Contudo pode levar vários anos até que o tecido tireoidiano do paciente fique tão danificado ao ponto de que as concentrações de TT4 e TT3 caiam e os primeiros sintomas do hipotireoidismo comecem a se manifestar.
Isso explica por que é mais comum que esta doença seja diagnosticada em cães mais velhos. Além disso, a manifestação da tireoidite linfocítica não só parece possuir um forte caráter genético como é mais comum em certas raças (vejam na tabela abaixo). Isso significa que ela poderia ser evitada ou minimizada através do manejo reprodutivo.
Raças com predisposição para formação de autoanticorpos tireoideanos
Setter Inglês
Cocker
Pit Bull
Rhodesian
Maltês
Golden Retriever
Dálmata
Labrador Retriever
Old English Sheep Dog
Schnauzer Gigante
Boxer
American Staffrdshire Terrier
Beagle
Pastor de Shetland
Pointer
Pug
E é aí que encontramos um impasse: se a manifestação clínica da doença só ocorre tardiamente, como podemos detectar sua ocorrência nos reprodutores jovens e evitar a transmissão da condição para seus filhotes?
Mais uma vez as dosagens hormonais podem ser uma ferramenta importante para nos auxiliar em processos de diagnóstico precoce.
O TgAA pode ser detectado em cães subclínicos muito antes do aparecimento dos sinais clínicos de hipotireoidismo. A presença deles é uma indicação de que o cão pode se tornar hipotireoidiano devido ao tireoidismo linfocítico.
Embora nem sempre seja esse o resultado, a dosagem do TgAA pode ser usada como triagem durante o manejo reprodutivo para diminuir a prevalência de hipotireoidismo, especialmente em raças de alto risco.
Gostou? Não deixe de ler a parte 2 do TgAA 😉
Texto elaborado por:
Dra. Gabriela Siqueira Martins
Veterinária, Corpo Editorial e Gestão de Projetos da empresa Pesquisas Hormonais e do Movimento Hormone Lovers
Dra. Priscila Viau Furtado
Veterinária, CEO fundadora da empresa Pesquisas Hormonais e do Movimento Hormone Lovers
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