Os pelos revelam muito mais sobre o cortisol do que você pode imaginar

Vamos pensar fora da caixa? Este post é um convite para você endocrinologista vet saber que podemos desenvolver outras possibilidades para acessar o status de cortisol do seu paciente com forte suspeita de HAC e monitoramento.

Eu separei 02 trabalhos publicados em 2013 de grupos diferentes, um da Universidade de Medicina Veterinária de Viena/Áustria, esse grupo trabalha bastante com matrizes alternativas (pelos, fezes, saliva, urina..)e é bem conhecido pelos vets que monitoram os animais Silvestres; e o outro conduzido pelo Prof Federico Fracassi, da Universidade de Bologna/Itália, que esteve aqui no Brasil em 2017 no CIABEV.

Artigos

Embora esses trabalhos não sejam recentes eu os selecionei porque o conceito de se trabalhar com matriz biológica alternativa para a o diagnóstico e o monitoramento desses pacientes com HAC ainda não é tão conhecido e aplicado na rotina da clínica médica.

Dentre outras possíveis matrizes, resolvi começar falando dos PELOS, porque na minha visão essa é uma matriz biológica muito promissora e pouco explorada no nosso dia a dia!!

Embora os trabalhos tenham uma mesma temática, foram conduzidos com pequenas diferenças entre si, o número de pacientes, grupos experimentais, hormônios mensurados e o método de dosagem diferiram entre si, embora a proposta central em si foi a mesma: o uso do pelo como uma possível matriz biológica para o diagnóstico de pacientes com Hiperadrenocorticismo.

Artigo 1 – Measurement of cortisol in dog hair – a noinvasive tool for the diagnosis of hypercortisolism

O objetivo deste trabalho foi testar a aplicação de um método não invasivo para monitorização a longo prazo da produção do cortisol em cães. Eles coletaram pelos de 12 cães com hiperadrenocorticismo (HAC) e de 10 cães saudáveis ​​para grupo controle. Eles realizaram as mensurações hormonais das concentrações de cortisol, corticosterona e cortisona por enzimaimunoensaio (EIE). E realizaram a Cromatografia líquida de alto desempenho (HPLC) para testar a validade da dosagem de cortisol.

Como principais conclusões de importância clínica o trabalho indica que a determinação do cortisol no pelo oferece a vantagem de ser menos invasivo do que tirar sangue, urina, fezes ou saliva.  E que a dosagem de cortisol no pelo pode representar uma valiosa ferramenta para o diagnóstico de HAC em cães.

Artigo 2 – Evaluation of hair cortisol in the diagnosis of hypercortisolism in dogs

O objetivo central deste trabalho foi mensurar as concetrações de cortisol no pelo de cachorros com Hiperadrenocorticismo espontâneo (HAC) e determinar se ele pode representar um teste de diagnóstico aplicável para essa síndrome. Para isso os autores trabalharam com 22 cachorros com HAC espontâneo antes do tratamento, 28 animais para o grupo controle e 40 cães com outras doenças. O método para determinação das concentrações de cortisol  foi realizada por radioimunoensaio (RIE) e coletaram também amostras séricas. Os principal resultado obtido foram Grupo HAC – 4,53pg/mg (0,32 – 74,62); Grupo c/outras doenças – 1,49pg/mg (0,13 a 14,19) e o Grupo controle – 1,28pg/mg (0,34 – 5,38).

Como principais conclusões os autores descreveram que as concentrações de cortisol no pelo são mais elevadas em cães com outras doenças e dos cães normais. E que é uma técnica não invasiva que deveria ser melhor investigada como um possível procedimento laboratorial para o diagnóstico de HAC, mas que pelos resultados deste estudo só devem ser aplicadas em pacientes com fortes suspeitas de HAC, devido a grande sobreposição dos dados obtidos.

Então, fica aqui uma ideia para vocês que tem na veia uma alma de pesquisador(a) ir mais a fundo nessa possibilidade. Quem sabe pode virar um mestrado, doutorado ou uma linha de pesquisa?

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